sexta-feira, 26 de junho de 2015

Grécia e Portugal: o amuo e as queix(inh)as do PM

No Financial Times (aqui):
  • Mr Tsipras reiterated his belief that the creditors’ plan would stifle growth and ignores the democratic mandate he received in January’s elections. ...
  • But Mr Tsipras received little support in the room, officials said. Particularly tough were the prime ministers of other countries who have gone through their own bailout programmes: Ireland, Portugal and Spain. ...
  • Pedro Passos Coelho, the Portuguese prime minister, was particularly pointed, officials said, noting that his country’s bailout programme was never debated at an EU summit and chastising Mr Tsipras for repeatedly insisting it be discussed among heads of state. “It cannot be done in a way different from every other country,” Mr Passos Coelho said.

A atitude de Passos Coelho é reveladora, mas é também um elogio e um cumprimento público à ousadia política dos gregos: o homem está amuado e preocupado porque os gregos conseguiram levar a questão a uma cimeira politica da UE, coisa que Portugal nunca ousou ou conseguiu. Este amuo mostra muita coisa. Aliás complementado pelas queixas (por exemplo, aqui no DN) que fez sobre a flexibilidade adicional que a Grecia já conseguiu da UE: implicitamente está a reconhecer que podia ter conseguido melhores condições para Portugal e não o fez, ou porque não quiz ou porque não foi capaz. 
Claro que ele conhece perfeitamente o carater recessivo e destruidor das medidas de austeridade propostas, especialmente numa situação como a grega. Mas prefere tentar safar a sua própria pele politica: como é que os gregos se atrevem a protestar e a dizer não?
Seja qual for o desfecho desta crise, uma coisa é certa: a Europa mudou. Provavelmente para pior. Infelizmente - e certamente sem necessidade. 
Recorde-se a realidade dos últimos anos. O gráfico seguinte mostra a evolução do PIB per capita at PPP (purchasing power parity, ou seja, a preços constantes). O gráfico foi recentemente publicado num artigo de Martin Wolf no FT (aqui). Este gráfico conta a história toda, nua e fria: nós perdemos cerca de 10% e a recuperação do ultimo ano nada altera de essencial. E veja-se o tombo colossal da Grécia: mais de 25%!!


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