terça-feira, 27 de maio de 2014

Gordo, anafado e balofo

Cada vez mais gordo, anafado, balofo, foleiro e vazio de ideais, já todos perceberam que Barroso vai sair da Comissão da UE pela porta mesmo muito pequena do palco europeu. Infelizmente para todos nós, europeus em geral, europeus do sul em especial, e portugueses em particular.
Em Sintra, Barroso apenas terá reforçado a sua mediania provinciana (da "provincia" longinqua de Bruxelas). Pois, afinal a culpa afinal não é nem da UE, nem do euro, nem das politicas estúpidas de austeridade, mas sim dos estados que não resolvem o problema do desemprego. Está tudo dito: afinal foram esses estúpidos (leia-se, os governos de Espanha, Portugal, Grécia, Itália, ...) que criaram desemprego porque foram incompetentes a ... aplicar a austeridade hortodoxa (mais do que hortodoxa, no mais que infeliz caso portugues).
Vale a pena ler o comentário de Paul Krugman (aqui):
  • Sitting in a room listening to EU officials reacting to the European Parliament elections — and it seems to me that they’re deep in denial. Barroso just declared that the euro had nothing to do with the crisis, that it was all failed policies at the national level; a few minutes ago he said that Europe’s real problem is a lack of political will.
Parece que o sonho da fenix renascisda das cinzas (da austeridade) continua na cabeça de responsaveis europeus. Krugman comenta:
  • Sorry, but depression-level slumps didn’t happen in Europe before the coming of the euro. And we know very well what happened: first the creation of the euro encouraged massive capital flows to southern Europe, then the money dried up — and the absence of national currencies meant that the debtor countries had to go through an extremely painful process of deflation. How anyone could deny any role for the currency …
Menos austeridade, mais deficit, mais reforma e mais tempo teriam ditado outros futuros para a europa do sul, embora porventura menos proveitos para a europa do norte:
  • And if there’s one thing Europe has, it’s political will. All across the southern tier, governments have dutifully imposed incredibly harsh austerity in the name of being good Europeans. What should they have done that they haven’t?
  • I guess the notion is that if the Greeks, or the Portuguese, or the Spaniards really, truly committed their all-powerful wills to reform and adjustment, their economies would boom despite deflation and austerity. The possibility that things are so bad — and radicals have been empowered — because the policies are fundamentally misguided just doesn’t seem to be considered.
Em comentário anterior (aqui) Krugman tinha escrito:
  • The European story remains one of deeply destructive economic policies, which have inflicted vast harm — but have not led to unraveling, because the political cohesion of the euro is stronger than people like me realized. The cohesion is a good thing, I guess, but the policies still aren’t working.

ATUALIZAÇÃO (31 de maio de 2014):

Paul Krugman divulgou no seu blog no NYT a apresentação feita na reunião do ECB em Sintra: ver aqui. Não terão sido apenas os comentários de Krugman sobre a UE e Barroso que terão deixado amargos de boca nalguns. Na sua intervenção Krugman pôs acima de tudo em dúvida aquilo a que chama "mysterious doctrine of 2%", ou seja, os fundamentos e a bondade dos numero mágico de 2% como "target" da inflação na zona euro, um dos fundamentos mais importante da política e do mandato do ECB. Krugman recorda os tres argumentos tradcionais a favor, rejeita dois e duvida do terceiro:
  • 1.  ZLB episodes regarded as unlikely at that rate 
  • 2.  DNWR regarded as unlikely to be seriously binding 
  • 3.  Price stability advocates offered a measurement fig leaf 
  • We now know that 1&2 not true. But also good reason to fear a low-inflation trap, so that there is option value to reducing the odds of falling in
ZLB refere-se ao "zero lower bound" caracterisitica da situação de procura agregada insuficiente, associada à "low inflation trap" (como acontece atualmente na Europa e em Portugal) e DNWR é a sigla de" downward nominal wage rigidity", a dificuldade estrutural de reduzir os salários nominais em termos significativos (Portugal é um contra exemplo recente). 
No final Krugman confronta-se explicitamente com as palavras de Draghi, quando este afirma não ver sinais de deflação na zona euro, e fala de um "timidity trap" que está a minar a zona euro.

Sem comentários: