O ministro da economia desmultiplica-se em afirmações de fé sobre a bondade da austeridade e da política fiscal do governo, tentando influenciar audiências estrangeiras. Nos EUA, adianta mesmo uma data firme para o regresso de Portugal aos mercados internacionais, no próximo ano.
Uma jogada de alto risco, um voluntarismo inconsciente ou uma convição firme e certeza? O futuro dirá. Mas é óbvio que fica políticamente refém destas afirmações.
Se o objetivo é reconfortar e motivar os agentes economicos e os investidores a todo o custo, então estamos a ver este governo a seguir exatamente as pisadas do anterior governo, que tanto criticaram exactamente por "mentir". Propaganda? Publicidade enganosa?
Anteriormente, já o ministro tinha feito afirmações categóricas (ver aqui). O que é que dá tanta convição ao ministro? O que é que ele sabe, que nós não sabemos?
O que nós sabemos é que mais uma vez isto acontece precisamente quando por cá se sabe que a
execução do orçamento este ano continua má, que o deficit público afinal parece estar a aumentar, que a despesa central continua a aumentar e que a
receita dos impostos continua a cair. Especialmente preocupantes são dois indicadores: quebra do IVA e forte aumento dao deficit da administração central. Até parece que uma coisa é cortina de fumo para a outra ...
(Actualização: factores excepcionais e não recorrentes justificam o descontrolo orçamental, e afinal a execução está sob controlo? Dificil de aceitar isso quando as causas anunciadas faziam precisamente parte do orçamento proposto pelo próprio governo. E aind mais dificil de aceitar quando se escamoteia que na receita também há significativas componentes não previstas - ver aqui. Ou a tentação da manipulação da informação ...)
(Actualização: afinal uma das principais desculpas sugeridas para o descontrolo da despesa, é neutro sob o ponto de vista fiscal, diz o Expresso. A ser assim, quer o primeiro ministro quer os ministros mentiram - e não se argumente com erros técnicos de análise das contas.)
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