O ministro Gaspar diz (uma vez mais) que “Não é possível financiar funções do Estado que a sociedade não está disposta a pagar” (ver aqui).
Certamente que há limites para tudo e o orçamento de estado não é um poço sem fundo. Essa não é a questão.
Mas parece haver um consenso na sociedade portuguesa: os portugueses querem o estado social que andam a construir á décadas, mesmo compreendendo que há limites - o dinheiro em condições normais pode chegar para as prestações sociais, se não existir o desemprego atual, se a reestruturação dos custos do estado for feita e acima de tudo se a economia não estiver no continuado clima recessivo em que se encontra.
A questão é outra: os portugueses não aceitam uma economia como ela está e não podem aceitar que o dimensionamento do estado social seja feito em referencia a esta situação anómala.
Não são os portugueses que querem demais do estado. O ministro é que não é capaz de responder aos desafios da sociedade.
Os erros de Gaspar & Ca. já levaram o país a uma espiral deflacionária e a uma colossal carga fiscal, que ele próprio considera insuportável. Mas em vez de fazer aquilo que se espera dele - lutar por pôr a economia a crescer - limita-se a chorar e a atirar a culpa para os portugueses que não lhe equillibraram as contas como o modelo previa.
Não é na situação depressiva e calamitosa da economia portuguesa (em parte da responsabilidade das políticas governamentais no ultimo ano) e da política europeia na zona euro (responsabilidade coletiva dos países europeus, especialmente dos países liderantes) que se pode discutir o modelo social do estado, algo que é para décadas e não para amanhã e depois.
As farpas que o ministro gosta de lançar aos portugueses, e que disso parece fazer gala, não são "dizer a verdade". São antes uma confissão pública da incapacidade técnica e política deste ministro.
Circula por aí uma história: este ano não há presépio. Vieram dois reis magos (Balatzar e Melchior) que construíram o presépio. Depois veio o terceiro - Gaspar - que levou tudo, e ficamos sem presépio.
Parece que é isso que está a acontecer.
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