Seria de esperar? Provavelmente. Houve logo quem tenha dito que o acordo da ultima cimeira parecia interessante, mas o problema iam ser depois as entrelinhas dos contratos.
Por isso a súbita recuperação (para pior) das taxas soberanas de Espanha e Itália não surpreendem muito quando se vem a saber que afinal o financiamento directo do sistema bancário pode ficar dependente de garantias soberanas - ou seja, continua a vingar a tese de que as más decisões de bancos alemães têm agora que ser salvas com garantias (logo responsabilidades pela divida) soberanas da Espanha e da Itália (ver artigo no WSJ e notícia no FT).
Depois de ter permitido á banca alemã salvar muito dinheiro no "haircut" final da divida grega através de manobras calculadas no tempo, agora vemos renascer outra vez o mesmo processo: tentar garantir a divida da banca (privada) pelos meios da política pública no contexto europeu.
Pode-se não gostar, e achar isso obsceno (como na realidade nós achamos). Mas essa parece ser a realidade da politica europeia de momento. Mas será uma fatalidade? Os exemplos anteriores sugerem que não necessariamente, e que a pressão da europa meridional pode ter alguma força.
Infelizmente Portugal parece estranho a essa dinamica. Pode-se argumentar que é um tacticismo seguro: somos demasiado pequenos, temos que aguardar o momento para dar a estocada depois de outros forçarem o caminho, coisa que nós não conseguimos fazer.
Mas a nossa leitura é diferente: temos um problema de liderança a nível nacional e a nível europeu.
Há pouco Pacheco Pereira formulava uma pergunta que muitas começam a equacionar: e se for impossível que esta política de austeridade definida pelo memorando com a troika funcione? (ou seja, que nas circunstancias atuais a política esteja simplesmente errada). Como se sabe muita gente acha isso (e parece que o nosso próprio presidente também), e não têm dúvidas sobre o desastre que está a ser criado por essas políticas.
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